Um poeta no forno
Durante a Semana Acadêmica a mesa-redonda “Jornalismo que faz arte” fez lembrar de quantos artistas nós temos espalhados pelas nossas turmas. Desenhistas, poetas, músicos, atores e documentaristas, só para citar alguns, que imprimem nos seus trabalhos as suas marcas pessoais, deixando matérias mais sensíveis, artes mais criativas, e as aulas ainda mais ricas.
Pedro Lago é um dos nossos artistas mais populares. Estudante do primeiro período, Pedro deixou sua cidade natal, Belo Horizonte, em busca de autoconhecimento. Hoje, em São João del-Rei, Pedro é palhaço, gestor cultural, especialista em planejamento e gestão e massoterapeuta.
Antes de tudo isso, Pedro foi bancário. Trabalhou na Caixa Econômica Federal. “Eram só seis horas mas gerava grande desconforto para o resto do dia”, conta. Então decidiu largar o banco e seguir um caminho bem diferente: o da arte. “Eu tive um despertar psiquiátrico e um surto espiritual”, explica Pedro.
O surto trouxe resultados bem produtivos. Juntando sua experiência com gestão com sua paixão pela arte, Pedro se embrenhou com projetos de gestão cultural, e desenvolveu o Forno Harmônico. Criado em 2012, o forno é uma incubadora que fornece a metodologia para gestão e planejamento de diversos projetos, na área cultural.
Pedro explica que o nome veio da metáfora, muito usada por artistas: “meu trabalho está no forno”. Mas além disso o nome surge da banda da qual ele participava, ainda em BH, chamada “Pão de Queijo on the Road”. Ele brinca dizendo “Eu vim pra São João del-Rei, a Pão de Queijo ficou mas eu trouxe o Forno”.
A ideia inicial era fazer do Forno um coletivo mas, após dois anos, Pedro percebeu que deveria ser um projeto pessoal. A incubadora é uma central de apoio ao profissional criativo em São João del-Rei e região e trabalha com diversos setores como música, teatro, arte de rua, artesanato entre outros. Além disso, ela busca atuar nas quatro dimensões que um projeto deve permear: cultural, ambiental, social e financeira.
A fim de desenvolver mais o Forno Harmônico, em outubro de 2015, Pedro Lago fez o curso de TEvEP, pela escola HomoSapiens, uma ferramenta de gestão do tempo, eventos, espaços e pessoas que possui um método simples e lúdico para planejar e executar. Ele diz que seu foco é diminuir o desconforto no setor criativo e fazer com que o artista seja menos explorado. “A gente precisa saber lidar com essa precariedade, enquanto artista brasileiro, mas não precisamos colaborar com ela”, afirma.
A ideia de Pedro é expandir o trabalho do Forno na dimensão social dando oficinas de planejamento e gestão em associações que beneficiam a sociedade, a fim de dar-lhes mais visibilidade. Atualmente o Forno dá apoio apenas aos grupos que o procuram. Um trabalho importante e conhecido do Forno é a promoção da ocupação criativa dos espaços, como por exemplo, o Cine no Muro e a ocupação do Coreto da Avenida Tiradentes.
Pedro também trabalha como massoterapeuta, formado pelo SENAC, na Amasso-Rei, uma associação de massoterapeutas e terapeutas alternativos de São João del-Rei, formada por oito profissionais que atendem no mesmo espaço. Ela conta com dança do ventre, com o objetivo de emponderamento da mulher, meditação, yoga, fitoterapia, arteterapia entre outros. “Eu encontrei um propósito na massoterapia, que é uma forma muito bonita de altruísmo, de se estar bem disposto a tocar o outro e ajudar. É algo muito sagrado e bonito e pra mim foi um encontro”, afirma Pedro.
Outro projeto idealizado por ele é a Acerola Aceleradora, surgida em 2015. Ela age como uma aceleradora de empreendimentos e projetos culturais. A interface do projeto é voltada para a questão financeira, buscando incentivos, fundos, financiamento coletivo entre outras formas de captação de recursos para os projetos incubados pelo Forno.
E o Jornalismo? Pedro diz que não pretende ser jornalista mas que buscou o curso para aprender a se comunicar melhor. “Quero aprender mais linguagens, canais e estratégias para comunicar melhor as minhas ideias e projetos. E assim ajudar São João del-Rei a se tornar uma cidade mais criativa e conectada”. Pedro ainda completa dizendo que busca também com o curso “criar um mecanismo de comunhão e colaboração entre pessoas, instituições, iniciativa privada, poder público e artistas”.
Colaborando e conectando, nosso ilustre colega multimídia está no caminho certo. Ah, e Pedro também é poeta. Ou, acima de tudo, poeta. Dá para não ser, assim tão sonhador? Veja ele em ação por aqui.
Texto e Imagem Interna: Maria Júlia Rodrigues
Imagem de destaque: Divulgação/A Bem Soar
Edição/Revisão: Dani da Gama