Olhares – Nicoly Pinto de Oliveira
Sou bicho do mato. E quem me conhece sabe que tudo o que eu produzo, seja em grande ou pequena escala, sempre leva a um pedaço de verde, a um pedaço de mim. Toda fotografia é um autorretrato, todo trabalho por você elaborado é uma releitura sobre você mesmo, e essa foi a primeira lição que eu aprendi estudando Comunicação. Eu cresci em um lugar incrível e atribuo a maior parte de tudo o que eu faço a isso. Eu demorei anos para ter uma câmera digital, mas durante minhas corridas pelos bosques ao redor da minha casa, sempre ficava de ponta cabeça, subia em árvores, olhava para as coisas de um outro ângulo, tentando dar um novo significado a elas. A fotografia me possibilitou estender meus “pontos de vista” sobre o meu mundo e para o mundo.
Minha única preocupação com técnica, de fato, é a luz. Também presto muita atenção nas cores, gosto bastante de fotos quentes, mas prefiro que essa temperatura venha com a luz natural. Eu poderia dizer que fotografo aquilo que chama muito minha atenção… Mas a verdade é que tudo me chama a atenção. É por isso que eu diria que o apelo da minha arte é para as coisas pequenas. É para a pureza dos momentos ordinários da rotina que carregam a magia da simplicidade. Dentro da minha utopia, é resgatando esse olhar sobre a beleza das coisas pequenas que o ar no mundo se torna menos pesado, mais respirável, mais capaz de nos dar força para continuar lutando pelas nossas causas. E em uma geração em que os jovens produzem/trabalham (e consequentemente correm) cada vez mais, a minha luta é pela pausa.
Selecionei algumas das minhas fotos mais queridas que retratam um pouco de uma das coisas que me construiu enquanto pessoa e artista: minha vida nos bosques, de pé no chão. Pra quem quiser ver um pouco mais, dá uma olhadinha no meu instagram .
Texto: Nicoly Pinto de Oliveira
Revisão: Julia Benatti