Olhares – Rafael Senna
Sempre fui fascinado pela imagem, pelo poder de parar o tempo em um clique e guardar aquele momento para sempre, de reviver momentos especiais e viajar sem sair do lugar em um simples olhar.
Fotografia não é apontar a câmera e apertar um botão. É necessário entender o espaço, a luz, a máquina, a técnica e, principalmente, ter a sensibilidade do fotógrafo. Como diz Henri Cartier-Bresson, “tirar fotos é prender a respiração quando todas as faculdades convergem para a realidade fugaz. É organizar rigorosamente as formas visuais percebidas para expressar seu significado. É por numa mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração.”
Quando pequeno, não tive muito contato com uma câmera, mas passava horas folheando os álbuns da família e analisando negativos. Sempre quis sair fotografando tudo o que me fascinava e por isso, ao contrário de muitos, não escolhi o jornalismo por gostar de escrever, ler ou querer aparecer na televisão. Escolhi o jornalismo pela fotografia.
No decorrer do curso, além de poder aperfeiçoar e colocar em prática meu olhar fotográfico, descobri uma nova paixão: produzir revistas. Em 2015, tive a oportunidade de criar a Revista Contrast, que já está a caminho da terceira edição. Nela pude unir a imagem e, por ser LGBT, a militância.
O ensaio, “encanto da mulher que, em canto, resiste”, foi produzido para a segunda edição da revista, que tem como tema o “feminismo negro”. Neste ensaio, fotografei a rapper Mari P, que compõe e interpreta letras de empoderamento negro. O cenário estrategicamente escolhido foi um muro grafitado, que compõe a ideia de produção marginal.
A mágica da fotografia está nisso. Perceber que fotografia está além da imagem. A fotografia, além de si, é conteúdo. Tem o poder de transmitir conhecimento, uma mensagem, acrescentar e transformar.
Para ter acesso a revista completa.
Texto: Rafael Senna
Revisão: Julia Benatti