Pela metade
Tenho acumulado uma extensa e variada lista de coisas que não consigo terminar de fazer. Domino como poucos a capacidade de começar uma tarefa — seja ler um livro ou escrever um texto — e abandonar sem mais nem menos, por qualquer motivo. Para alguém como eu, com sérios problemas de motivação, é realmente tentador.
Não escondo, porém, que tal atitude me apavora e causa muita frustração. Com um sentimento profundo de inferioridade, eu atesto diante de uma sociedade ávida pelo cumprimento de metas que não consigo executar os projetos que tenho em mente. Já perdi as contas de quantas vezes tentei levar um blog adiante, por exemplo. Falhei miseravelmente em todas as tentativas.
Mas a vergonha na cara bateu a minha porta. Fui acometida por um ímpeto de enfrentar essa maldição que me acompanha. Meu desafio de vida agora é provar para mim mesma que, sim, sou capaz de iniciar a atividade que pintar na minha frente sem deixá-la pela metade. Se por um tempo sofri várias rasteiras por causa da procrastinação, agora decidi expulsá-la uma vez por todas de uma festa em que ela insiste em participar apesar de não ter sido convidada.
Texto: Thaís Lacaz
Revisão: Julia Benatti