Olhares – Natália Chagas
O “Olhares” de hoje é com a Natália Chagas que é natural de Santa Rita de Ibitipoca e bióloga formada pela UFSJ, e desde 2017, se dedica a fotografia. Para ela, a fotografia é um registro do tempo, é permitir-se ser apreciada pelo olhar do outro. “Sou uma pessoa muito sensível, sempre amei poesia e fotografar foi a forma que encontrei para fazer poesia sem precisar das palavras”, conta ela.
Seu contato com a fotografia começou ainda criança com a sua mãe na fotografia. Aos 18 anos, ela ganhou a primeira câmera fotográfica e, desde então, fotografar passou a ser seu maior fascínio. Natália nos conta que foi a partir desse contato que sua paixão foi aumentando, “cresci com o pensamento que seria bióloga e, por ser amante da natureza, sempre amei registrá-la”.
Seu projeto Nativa nasceu em setembro de 2017, após vivenciar um término de um relacionamento amoroso bastante conturbado.
“Durante esse processo, meu ex companheiro fez um retrato meu e quando me vi, me senti incrivelmente linda e forte. Aquela foto ajudou a restaurar minha autoestima e percebi que realizar esse tipo de fotografia poderia auxiliar outras mulheres também. Assim, a Nativa busca empoderar, resgatar a autoestima da mulher e exaltar a beleza natural inerente a toda mulher”, conta ela.
O impacto da Nativa numa sociedade que está sempre ditando as regras do que se considera “belo”, principalmente no corpo feminino, é importante pois para os fotógrafos homens a mulher sempre será sexualizada e imposta por um padrão.
“Assim, a Nativa visa quebrar padrões de feminilidade, exaltando todas as formas, belezas e diversidades. Outro fator que impacta é o nu artístico. O nu é um tabu na nossa sociedade, mas acredito que o autoconhecimento é fundamental para a evolução humana. Nós mulheres não nos olhamos no espelho verdadeiramente e quando o fazemos, só exaltamos nossos ‘defeitos’. Acredito que o nu artístico impacta porque nos faz refletir sobre esses padrões de beleza midiáticos e passamos a admirar uma beleza que até então, não era reconhecida e nem apreciada”, conta a Natália.
O reconhecimento do trabalho da Natália em São João del-Rei tem crescido muito e ela pretende continuar por aqui pelos próximos anos, mas não descarta a possibilidade de se expandir para cidades maiores como Belo Horizonte, “sonho em realizar grandes exposições, lançar um fotolivro em conjunto com uma amiga desenhista e realizar trabalhos fotográficos com as mulheres da periferia de São João. Por enquanto estou me consolidando por aqui e aprimorando meus conhecimentos”.
No momento, a Nativa está com duas exposições agendadas. A primeira acontecerá no dia 20 de abril em Entre Rios de Minas e outra em São João, no Bar Barteliê a partir do dia 10 de maio. Nomeada “Crua”, as duas exposições serão uma coletânea do trabalho de Natália até o momento. E ainda mais para frente, Natália está construindo projetos nos centros periféricos de São João e no Albergue Santo Antônio.
Dê uma olhada nos cliques da Natália:
Você pode conferir mais um pouquinho da Nativa em seu Instagram. E se você, assim como a Natália, tem um projeto fotográfico ou uma relação íntima com a fotografia, entre em contato com a gente para fazer parte da seção Olhares.
Texto: Clara Rosa